Por Rubens Alencar*
O Estado do Acre, situado na Região Norte do Brasil, enfrenta uma séria crise hídrica, marcada por uma prolongada e intensa temporada de seca na Amazônia. Este artigo busca analisar os desafios associados à escassez de água na região, destacando as medidas essenciais para enfrentar essa crise. Além disso, enfatiza as iniciativas do Saneacre, órgão de saneamento estadual, no planejamento e execução de ações cruciais para a superação desse período difícil.
A seca no Acre tornou-se uma preocupação iminente, exigindo uma abordagem abrangente para mitigar seus impactos na vida cotidiana e na infraestrutura local. Nesse contexto, a atuação proativa de instituições como o Serviço de Água e Esgoto do Estado do Acre (Saneacre), Defesa Civil e outros órgãos desempenha um papel crucial na implementação de estratégias que visam enfrentar a escassez de água e promover uma gestão mais eficiente dos recursos hídricos.
A escassez de água no Acre impacta diretamente a população, a agricultura e a indústria, comprometendo a segurança hídrica. A baixa precipitação pluviométrica, combinada com o desmatamento e a degradação ambiental, intensifica a vulnerabilidade do estado à seca, resultando em níveis críticos nos reservatórios e mananciais. O governo do Estado do Acre destaca a conquista de redução de 70% nos alertas de desmatamento e 41% dos focos de queimadas nos últimos dez meses, sendo um dos principais pilares por evitar que a crise hídrica tenha maiores proporções, sendo de fundamental apoio não somente economizar a água, mas proteger todos recursos que a permitem completar seu ciclo.
Outro exemplo bem recente de sucesso é o plano de contingências de secas aplicado pelo Saneacre em Bujari, município que sofria muito com severas estiagens. O governo do Estado, por meio do Saneacre, aumentou a barragem do reservatório, elevando em cerca de 30% a capacidade de reservação do açude que abastece o município. Além disso, mantém o manancial em constante monitoramento e limpeza. Hoje, a população agradece pela ação. Com isso, o plano está sendo estendido para outros municípios.
Porém, é necessário conscientizar a todos sobre o uso sustentável da água, visto que, o desperdício causa diversos transtornos, tanto na infraestrutura das cidades, quanto na natureza. Além disso, a implementação de medidas de conservação, reuso e eficiência hídrica se apresenta como uma estratégia vital. Incentivar a adoção de tecnologias modernas, como sistemas de captação de água da chuva e irrigação inteligente, contribui para a preservação dos recursos hídricos. Por meio de um planejamento estratégico, o Saneacre está executando ações para evitar impactos ao sistema de abastecimento de água. A modernização da infraestrutura, a implementação de tecnologias de monitoramento em tempo real e a busca por fontes alternativas de água são algumas das iniciativas promovidas pelo órgão para superar esse fenômeno natural.
A autarquia de saneamento, em parceria com outros órgãos governamentais e instituições relacionadas, está direcionando investimentos significativos para o desenvolvimento de projetos que visam aumentar a resiliência hídrica do estado. A perfuração de poços artesianos, a revitalização de mananciais, ações para diminuir a inadimplência referente ao pagamento de contas por parte dos usuários, projetos educativos e a extensão da rede de distribuição são exemplos de ações concretas que visam assegurar o acesso contínuo à água potável e a promoção do conhecimento da importância do saneamento básico, tão valioso para a saúde das pessoas.
A conscientização da população para evitar o desperdício e contribuir por meio da tarifa de água e esgoto, aliada à modernização do sistema de abastecimento de água liderada pelo Saneacre, são passos cruciais na construção de um futuro mais resiliente e sustentável para a região.
Por fim, é necessário reiterar a importância da colaboração entre a sociedade civil, o setor privado, poderes Executivo e Legislativo na busca por soluções inovadoras e eficazes para enfrentar os desafios da seca e promover a segurança hídrica a longo prazo no Estado do Acre. Num mundo sedento por soluções, a seca amazônica não é apenas um desafio regional, mas um apelo universal à conscientização e à ação coordenada. Como disse Mahatma Gandhi: “A natureza pode satisfazer todas as necessidades do homem, menos a sua ganância”. Este é o momento de preservar, inovar e, acima de tudo, cooperar para superar a escassez hídrica. E sem dúvidas, o Acre tem se mostrado resiliente e referência em políticas de desenvolvimento sustentável que tendem a avançar.
*Rubens Alencar é engenheiro civil, pós-graduando em Infraestrutura Rodoviária e partícipe do corpo técnico de engenheiros do Serviço de Água e Esgoto do Estado do Acre (Saneacre)